Reflexões sobre a Vaidade dos Homens (1980)/XXXI
Com os anos não diminui em nós a vaidade, e se muda, é só de espécie. A cada passo, que damos no discurso da vida, se nos oferece um teatro novo, composto de representações diversas, as quais sucessivamente vão sendo objectos da nossa atenção, e da nossa vaidade. Assim como nos lugares, há também horizontes na idade, e continuamente imos deixando uns, e entrando em outros, e em todos eles a mesma vaidade, que nos cega, nos guia. Nem sempre somos susceptíveis das mesmas impressões; nem sempre somos sensíveis ao mesmo sentimento; sempre somos vaidosos, mas nem sempre domina em nós o mesmo género de vaidade.