Vou rio abaixo vogando
No meu batel e ao luar;
Nas claras aguas fitando,
    Fitando o olhar.

Das aguas vejo no fundo,
Como por um branco véo,

Intenso, calmo, profundo,
    O azul do céo.

Nuvem que no céo fluctua,
Fluctua n′agua tambem;
Se a lua cobre, á outra lua
    Cobril-a vem.

Da amante que me extasia,
Assim, na ardente paixão,
As raras graças copia
    Meu coração.

  1. ver Phalenas (1870), p. 215, em nota do próprio Machado de Assis.