Xenófanes, um nativo de Colofon[1], era filho de Ortomenes. Esse homem viveu até o tempo de Ciro[2]. Este (filósofo) afirmou primeiramente que não há possibilidade de compreender qualquer coisa, expressando-se assim: “Por que se a maior parte da perfeição os homens podem falar, ainda ele sabe que não é, e em tudo obtém apenas suposições”.
E ele afirma que nada é gerado ou perece, ou se movimenta; e que o universo, sendo um, está além de mudanças. Mas ele diz que a deidade é eterna, e única, um conjunto homogêneo e limitado, de forma esférica, dotada de percepção em todas as partes. E que o Sol subsiste todo dia de um conglomerado de pequenas faíscas, e que a Terra é infinita, não é rodeada nem por uma atmosfera nem por um céu. E que há infinitos sóis e luas, e que todas as coisas emergem da terra. Esse homem afirmou que o mar é salgado devido às muitas misturas que fluem nele. Metródoro, entretanto, partindo do fato que a água é filtrada pela terra, afirma que é por causa disso que o mar é salgado. E Xenófanes é da opinião que houve uma mistura entre a terra e o mar, e que durante o tempo a terra foi separada da umidade, alegando que podia mostrar provas suficientes disso: que no meio da terra, e em montanhas, foram descobertas conchas; também em Siracusa ele afirma que foram encontradas impressões de peixes e focas em pedreiras, e em Paros, uma imagem de louro[3] no fundo de uma pedra, e em Melita[4], partes de toda sorte de animais marinhos. E ele diz que eles foram criados quando todas as coisas estavam na lama, mas que todos os homens pereceram quando a terra, sendo precipitada no mar, se tornou em lama; então, de novo, que isso produziu a geração e esta ruína aconteceu em todos os mundos.