Aristóteles, que foi discípulo de (Platão), reduziu a filosofia em uma arte, e se distinguiu principalmente por sua competência na ciência lógica, supondo que todos os elementos se originem da substância e do acidente; e que há apenas uma substância sustentando todas as coisas, e nove acidentes – quantidade, qualidade, relação, onde, quando, possessão, postura, ação e emoção; e que a substância tem uma descrição parecida com a de Deus, homem, e todos podem ter denominação similar de seres. Mas a respeito dos acidentes podem ser descritos e exemplificados assim: “qualidade” como preto e branco; “quantidade” como dois cúbitos, três cúbitos; “relação” como pai e filho; “onde” como Atenas e Megara; “quando” como durante a 10ª olimpíada; “possessão” como aquisição; “ação” como escrever, e fazer proezas em geral; e “emoção” como ficar chocado. Ele também supõe que algumas coisas têm médias, e outras não, assim como dizia Platão. E em quase todos os pontos seu pensamento está de acordo com o de Platão, exceto quanto à alma. Platão dizia que a alma era imortal, mas Aristóteles dizia que a alma envolve permanência; e depois de tudo, ela desaparece no quinto corpo[1], juntamente com os outros quatro –a saber, fogo, água, ar e terra – para algo de natureza mais misteriosa (do que estes), a natureza do espírito. Platão afirma que as coisas realmente boas são aquelas que pertencem à alma, e que elas sozinhas trazem felicidade; enquanto que Aristóteles introduz uma classificação tripla das coisas boas; e afirma que os sábios não são perfeitos a menos que eles tenham as coisas boas do corpo e aquelas que estão extrínsecas a ele[2] - beleza, força, vigor dos sentidos e saúde; enquanto que as extrínsecas (ao corpo) são riqueza, nobreza, glória, poder, paz, amizade[3]. E as qualidades interiores da alma recebem a mesma classificação de Platão, prudência, temperança, justice e coragem. Este (filósofo) também afirma que o mal se forma de acordo com a oposição a essas coisas boas, e que também existem abaixo de um quarto da distância da Lua, mas não vão além; e que o mundo é eterno em si mesmo, assim como sua alma, e a alma individual, como já dissemos, desaparece (no quinto corpo). Este (especulador) debatia no Liceu e elaborou pouco a pouco sua filosofia; mas Zenão (formou sua escola) no pórtico chamado Pecílio. E os seguidores de Zenão ganharam seu nome do lugar – isto é, de Stoa (pórtico) – sendo chamado de estóicos; enquanto que os seguidores de Aristóteles (foram denominados) pelo modo como se dedicavam enquanto ensinavam. Já que eles ficavam dando voltas no Liceu enquanto raciocinavam, foram chamados de Peripatéticos. Estas são as doutrinas de Aristóteles.

  1. Ou "o quinto corpo, que supostamente é, junto com os outros quatro" ou "o quinto corpo que supostamente seria feito dos outros quatro".
  2. Hipólito expressa-se nas palavras de Stobaeus, que diz (Eclog. II, 274)): "E as bênçãos externas são nobreza, riqueza, glória, paz, liberdade, amizade".
  3. Ou "glória, o poder confirmado dos amigos".