Mas já que eles reunem informações a respeito da ação dos signos do zodíaco, dos quais dizem que as criaturas que procriam são assimiladas[1] não devemos omitir isso: assim, por exemplo, que alguém nascido sob Leão será bravo; e aquele que nascer sob Virgem terá cabelo longo e reto[2], ter tez clara, sem filhos e modesto. Estas afirmações, entretanto, e outras similares, merecem muito mais gargalhadas do que consideração séria. Porque, de acordo com eles, é possível que nenhum etíope nasça sob Virgem; de outro modo permitiria que fosse branco, com cabelo longo e reto e o resto. Mas eu prefiro a opinião[3] que os antigos impuseram nomes de animais a certas estrelas para o propósito de conhecê-las melhor, não de qualquer similariadade com a natureza; sendo assim, tendo sete estrelas, distantes uma da outra, parecendo-se com um urso, ou cinco estrelas com a cabeça de um dragão? A respeito disso, Arato[4] disse:

"Mas dois de seus templos, e dois de seus olhos, e um abaixo
Alcança o fim da lei do grande monstro."
  1. Esta foi a grande doutrina da astrologia, precursora da astronomia. Ao que parece, a astrologia floresceu inicialmente entre os caldeus, entre os princípios fundamentais de sua religião - a assimilação da natureza divina na luz. Esta doutrina introduz a outra, a adoração a estrelas, o que se transformou em astrologia. Outros acreditam ter sido de origem árabe ou egípcia. De alguma dessas fontes alcançou os gregos, e então para os romanos, que tinham consideração a respeito da astrologia. A arte, após se tornar praticamente extinta pelos árabes durante o auge da Idade Média. Sobre a história da astrologia, deve-se consultar os trabalhos de Marco Manílio, Júlio Firmico e Ptolomeu. Seu apologista medieval mais conhecido é Cardano, o famoso médico de Paris (ver De Astron. Judic., lib. vi.-ix. tom. v.).
  2. Sextus adicionou "olhos claros".
  3. Hipólito aqui concorda com Sextus.
  4. Arato, de quem Hipólito cita freqüentemente, foi um poeta e astrônomo da Antiguidade, nascido em Soli, Cilícia (atual sudeste da Turquia). Posteriormente se tornou médico com a ajuda de Gonato, (sucessor) e filho de Demétrio I, rei da Macedônia, em cuja corte tinha favorecimentos. Estudiosos têm em grande estima seus trabalhos, se considerarmos que várias edições comentadas de seus trabalhos têm surgido. Duas destas merecem destaque: a de Grócio, em 1600, produzida em Leyden, em grego e latim; e a edição de Buhle, Leipizig, 1803. Ver também Uranoiogion, de Denis Pétau. Ele era bem conhecido, já que Paulo (em Atos 17:28) cita a quinta linha de Phaenomena. Cícero considerava Arato um poeta nobre, e traduziu a Phaenomena para o latim, um fragmento que foi preservado e se encontra na edição de Grócio. Arato foi traduzido em inglês pelo dr. Lamb, deão de Bristol (Londres: J. W. Parker, 1858).