Esta é a sabedoria diversificada da heresia perata, que é difícil de ser resumida, por causa de sua intricada consistência retirada da arte astrológica. Assim quanto possível, devemos explicar resumidamente a força dessa (heresia) A fim de que, entrentanto, possamos fazer uma afirmação resumidora para elucidar a doutrina dessas pessoa, parece útil fazer as seguitnes observações. De acordo com eles, o universo é o Pai, o Filho, (e) a Matéria; mas cada um dos três têm capacidades infinitas em si mesmos. Estão intermediários entre eles o Filho, com a Palavra, a Serpente, sempre em movimento em relação ao Pai imóvel, e (em direção) à Matéria, que se move. E em uma certa hora, ele vai em direção ao Pai, e recebe poder em sua pessoa; mas em outra hora toma esses poderes, e vai e direção à matéria. E a Matéria, (apesar) de não ter atributos, e não ter sido moldada (nas) formas do Filho, e o Filho foi moldado pelo Pai.

Mas o Filho deriva a forma do Pai por meio de um modo indizível e imutável; (isto é) da mesma forma que Moisés fala sobre os rebanhos que olhavam para as varas[1] que foram colocadas nos bebedouros. E da mesma forma, novamente, as capacidades fluem do Filho para a Matéria. E a diferença de cores, e a dissimilaridade que fluía das varas pela água até o rebanho é, dizem eles, a diferença entre geração corruptível e incorruptível. Assim agindo como se pintasse a natureza, apesar de que não faz nada aos animais, transfere por seu pincel todas as formas à tela; assim o Filho, pelo poder de si mesmo, transfere marcas paternais do Pai à Matéria. Todas as marcas paternas estão aqui, e não há mais nenhuma. Porque se algum desses (seres) que estão aqui terem força suficiente par perceberem que há uma marca paternal transferida de cima, (e se for) encarnado - de acordo com a concepção resultante da vara com algo branco - com a mesma substânca junto com o Pai nos céus, e retorna a ele. Se, entretanto, não acontecer sob essa doutrina, e não entender a necessidade de geração, assim como um aborto ele perecerá à noite. Porquanto, dizem eles, que o Salvador observa: "seu Pai que está nos céus"[2], eles está se referindo àquele de quem o Filho deriva suas característica, transferidas a ele. Quando Jesus fala "[vosso pai] foi homicida desde o princípio"[3] ele se refere ao Dominador e Demiurgo da matéria, que, apropriando-se das marcas entregadas pelo Filho, criou e desde o princípio foi homicida,porque seus trabalho causa corrpução e morte.

Ninguém, então, dizem eles, pode ser salvo e retornar (ao céu) sem o Filho, e o Filho é a Serpente. Porque ele trouxe para baixo as marcas paternais, assim para que novamente ele possa trazer para cima aquele cujas marcas se manifestaram após a condição de dormência, e se tornaram caracterísicas paternas, materiais do Imaterial. Disso é o que foi falado, para eles: "Eu sou a porta"[4]. E ele transfere (essas marcas)[5] àqueles que fecham os olhs, assim com a nafta inflama-se em todas as direções. Assim, dizem eles, é retratado, criação perfeita e de mesma origem retirada do mundo pela Serpente; não (atrai) mais nada, a não ser àqulio que foi enviado. Para provar isso eles aludem à anatomia[6] do cérebro, dizendo que o cérebro é o Pai, por ser imóvel, e o cerebelo ao Filho, porque se move e tem a forma (da cabeça) de uma serpente. E eles alegam que o (cerebelo), por um processo inexplicável e inefável, atrai através da glândula pineal a substância espiritual e que dá vida da câmara selada[7] (aonde o cérebro está). E ao reber isso, o cerebelo, em outro processo inexplicável, cria as idéias, assim como o Filho faz para a matéria; ou, em outras palavras, as sementes e a criação das coisas produzidas de acordo com a carne fluem pela medula espinhal. Empregando esse exemplo, (os heréticos) parecem introduzir astutamente seus mistérios, que são entregues em silência. Seria errado a nós falar o que são esses mistérios; ainda para que seja fácil formar uma idéia deles, iremos falar sobre eles.

Notas editar

  1. Gênesis 30:37-39
  2. Mateus 7:11
  3. João 8:44
  4. João 10:7
  5. Há um hiato aqui. Miller, que também sugere διαφέρει ao invés de μεταφέρει, além de sugerir que há uma referência a Isaías 6:10. O abade Cruice preenche o hiato com palavras similares do terceiro capítulo do livro VIII, mas ainda assim há obscuridão.
  6. Essa teoria foi aludida anteriormente por Hipólito no último capítulo do quarto livro.
  7. καμαρίου, alguns leriam μακαρίου ["o domo do pensamento, o palácio da alma"].