— E si acaso voltar ? Que hei de dizer-lhe, quando
Me perguntar por ti?
— Dize-lhe que me viste, uma tarde, chorando ...
Nessa tarde parti.
— Si arrependido e ancioso elle indagar: «Para onde?
Por onde a buscarei?»
— Dize-lhe : « Para além... para longe...» Responde
Como eu mesma: «Não sei.»
Ai, é tão vasta a noite! A meia luz do occaso
Desmaia... Anoiteceu...
Onde vou? Nem eu sei... Irei seguindo ao acaso
Até achar o céu.
Eu cheguei a suppôr que possivel me fosse
Ser amada — e viver.
E’ tão facil a morte... Ai, seria tão doce
Ser amada... e morrer!...
Ouve: conta-lhe tu que eu chorava, partindo,
As lagrimas que vês...
Só conheci do amor que imaginei tão lindo,
O mal que elle me fez.
Narra-lhe transe a transe a dor que me consome...
Nem houve nunca egual!
Conta-lhe que eu morri murmurando o seu nome
No soluço final!
Dize-lhe que o seu nome ensanguentava a bocca
Que o seu beijo não quiz:
Golpha-me em sangue, vês? E eu, murmurando-o, louca!
Sinto-me tão feliz!
Nada lhe contes, não... Poupa-o... Eu quasi o odeio,
Occulta-lh’o! Senhor,
Eu morro!... Amava-o tanto... Amei-o sempre... Amei-o
Até morrer... de amor.