Poema agrupado posteriormente e publicado em Obras completas de Luis de Camões (1843, v. II)
Se quando vos perdi, minha esperança,
A memoria perdêra juntamente
Do doce bem passado e mal presente,
Pouco sentira a dor de tal mudança.
Mas Amor, em quem tinha confiança,
Me representa mui miudamente
Quantas vezes me vi ledo e contente,
Por me tirar a vida esta lembrança.
De cousas de que apenas hum signal
Havia, porque as dei ao esquecimento,
Me vejo com memorias perseguido.
Ah dura estrella minha! Ah grão tormento!
Que mal póde ser mor, que no meu mal
Ter lembranças do bem que he ja passado?