(Cancioneiro de Paris)
Senhora del mundo
princesa de vida,
seáis de tal hijo
en buena hora parida.
Aquel soberano,
supremo Señor,
por suma bondad
vencido de amor,
de vos toma el traje
de manso pastor,
porque de El no huya
la oveja perdida.
Del huerto cerrado
de vuestras entrañas,
aquel hazedor
de santas hazañas
salió disfraçado
con ropas extrañas
del ser que a los santos
da gloria cumplida.
Por vos, virgen santa,
podemos dezir
que el hombre comiença
de nuevo a vivir,
que antes su vida
fue siempre morir
con grandes sospiros
por ver nueva vida.
Trocamos por vos
pesar en plazer,
y siempre ganar
y nunca perder;
pobreza en riqueza,
ignorancia en saber
la hambre en hartura,
la muerte en la vida.
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(Tradução)
Senhora do mundo
princesa da vida
sejais de tal filho
em boa hora parida.
Aquele soberano,
supremo Senhor,
por suma bondade
vencido de amor,
de vós toma o traje
de manso pastor,
por que d'Ele não fuja
a ovelha perdida.
Do horto cerrado
das vossas entranhas,
aquele fazedor
de santas façanhas
saiu disfarçado
com roupas estranhas
do ser que aos santos
dá glória comprida.
Por vós, Virgem santa,
podemos dizer
que o Homem começa
de novo a viver,
que antes sua vida
foi sempre morrer
com grandes suspiros
por ver nova vida.
Trocamos por vós
pesar em prazer,
e sempre ganhar
e nunca perder;
pobreza em riqueza,
ignorância em saber
a fome em fartura,
a morte na vida.
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(Paródia do Cancioneiro Sevilhano)
Sejais muito embora,
Princesa de a vida,
Sejais muito embora,
De um filho parida.
Eu sou um português,
Filho de fidalgos,
Beijo vossos pés,
Também vossas mãos.
Pois menino teneis
Que é Senhor da Vida,
Sejais muito embora
De um filho parida.
Este filho vosso
Se chama Manuel,
Eu muito bem posso
Folgar-me com El,
Que de casa de o Rei
Sou, por minha vida;
Sejais muito embora
De um filho parida.
Venho vos a falar
Com muita razão,
Porque sou fidalgo
De grão coração.
E por São Antão
Sou de grão cabida
Sejais muito embora
De um filho parida.
Se fora em Lisboa
Como em Belém,
Eu sei de persoa
Que vos fizera bem.
Que de mi porém
Sois muito querida;
Sejais muito embora
De um filho parida.
Olhai mui galante,
Ó Virgem fermosa;
Peço-vos ũa cousa,
O Menino infante;
Que de aqui adiante
Sejais mi guarida.
Sejais muito embora
De um filho parida.
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