IV

Patria !




Foi escripto este soneto, quando ao Imperador exilado chegou a noticia das negociações de que resultou o celebre convenio Bocayuva-Zeballos, que á Republica Argentina cedia boa parte do territorio brasileiro das Missões.

Muito se entristeceu o Snr. D. Pedro II com essas tentativas anti patrioticas ; solicito acompanhava nos jornaes tudo que se referia a tal questão; e, por intermedio do finado conselheiro Manoel Pinto de Souza Dantas, offereceu ao ministro do Brasil em França abundantes informações e documentos, comprobatorios do nosso direito.

Sempre amigo do exercito, que Elle não confundia com os rebeldes que o exilaram, costumava dizer o Imperador: «Não; os militares, que toleram a republica, não consentirão no esphacelamento da Patria! »

Ha entre nós quem possúa o original deste e talvez de outros sonetos.

IV

Patria !



Aprovação nem-uma o Heróe divino
No drama da Paixão tentou forrar-se,
E na fronte a sangrar sentiu cravar-se
Duro espinho por mãos de algoz ferino.

Vaias do poviléo em desatino,
Sob o látego a carne a lacerar-se,
E, para o sacrificio consummar-se,
Na cruz a morte como escravo indino.

Porém a Virgem Sancta, alto sacrario,
Manda eternal poder que immune seja
De escárneos e baldões da grei malvada.

Deus, ó Deus ! tambem ’stou no meu Calvario:
E assim possa eu morrer antes que veja
A Patria, minha mãe, despedaçada!