Ho prior do Crato Dom Diogo d' Almeida e Dom Joam de Sousa ouve antre elles deferença, e em ausencia vieram a dizer muyto maas palavras hum do outro e a tanta quebra que cada dia se esperava que viessem a rompimento e às cutiladas onde se topassem. E aqui em Evora acertaram ambos a ter todas suas valias que eram tamanhas e tam nobre gente que nam avia homem na corte que nam fosse de hũa parte ou da outra elles valentes cavalleyros. E porque se viessem a romper ambos fora gram oniam e fizera-se muito mal porque andavam muito acompanhados de seus parentes e criados, e se fora no paço ou no terreyro fora ja muito pior e el-rey nam podera deixar de dar os grandes castigos que em tal caso mereciam, por evitar isto ordenou então e fez meirinho do paço hum Estevam Fernandez cavaleyro de sua casa valente homem de sua pessoa; e deu-lhe doze homens da guarda buscados e escolheitos pera isso homens de coraçam, e bem despostos, muito bem vestidos das cores d' el-rey que com alabardas nas mãos estavam sempre aa porta do paço em assentos que lhe hi poseram. E mandou el-rey ao meyrinho e a elles que qualquer pessoa que no paço ou no terreiro tirasse espada, que o matassem sem aver hi prisam nem outra cousa, e assi o mandou noteficar per escritos postos às portas do paço. E com este mandado d' el-rey que todos tinhão por muy certo ouverão tamanho receo que os bandos se desfizeram per si sem mais aver ajuntamento. E este foy o primeyro meyrinho do paço que em Portugal ouve, e por ser oficio tam necessario ficou sempre d' antam pera cá.