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mentação requintada de exóticos adubos, alterou profundamente as iguarias portuguesas, resultando dahi um producto todo nacional, saboroso, agradável ao paladar mais exigente, o que excelle a justificada fama que precede a cozinha bahiana.

Fôra o africano o introductor do azeite de cheiro, do camarão secco, da pimenta malagueta, do leite de coco e de outros elementos, no preparo das variadas refeições domesticas da Bahia.

Eminente medico paulistano, ha pouco extincto, traçou no seguinte passo, verdadeiro hymno de louvor á arte culinária bahiana:

"A nossa cozinha bahiana, especialmente, não tem no mundo rival para o preparo do peixe. Não é só o seu vatapá que se impõe á attenção universal; é com razão que os bahianos se orgulham da sua Moqueca de peixe, do seu Angú de quitandeira, do seu Carurú, do seu Efó e do seu Mocotó. O leite de coco e o oleo de Dendê são dois condimentos portanto (texto ilegível) na arte culinaria bahiana".

(DR. L. PEREIRA BARRETO — A hygieneda mesa - no Estado de S. Paulo, de 7 de Setembro de 1922).

Os senhorios de éras afastadas, muitas vezes, em momentos de regosijo, concediam cartas de liberdade aos escravizados que lhes saciavam a intemperança da gula com a diversidade de iguarias, cada, qual mais selecta, quando não preferiam, contemplal-os ou dar expansão aos seus sentimentos de philantropia em alguma das verbas do testamento.

Era vulgar, nos jantares da burguezia, uma saudação, acompanhada de cânticos, em honra da cozinheira, que era convidada a comparecer á sala do festim e assistir á homenagem dos convivas.

Até as moças de fámilía abastada se exercita-