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vido, na Bahia, com bacalhau (cosido, assado ou ensopado), garoupa ou outra qualquer espécie de peixe.

Moqueca de peixe fresco

Escama-se o peixe, retira-se os intestinos e depois de bem lavado com bastante limão e agua vão-se depositando as postas em frigideira. Prepara-se depois o môlho, composto de sal, pimenta malaguêta, coentro, limão (de preferencia o vinagre), tomate e cebola, moido tudo em um prato, molho este derramodo sobre as postas do peixe.

Antes de levar a frigideira ao fogo para cozer o peixe, deita-se o azeite de oliveira ou o azeite de cheiro, conforme o paladar ou o gosto de cada domicilio, sendo preferido o emprego de ambos estes oleos.

Moqueca de xaréo[1]

Escamado o peixe e bem lavado com limão e agua, tem-se o cuidado de retirar os vermes brancos que se criam no lombo e na cabeça, principalmente se o xaréo está gordo.

Estes vermes variam de extensão e espessura e, si não forem extrahidos, imprimem á moqueca sabor adocicado.

Concluido este processo preliminar, são as postas


  1. O xaréo somente, de anno em anno, apparece nas aguas do littoral bahiano, isto é, de Dezembro a Março. Em éras remotas, o consumo desse peixe estava adstricto aos escravos, á população pobre e aos tripulantes dos navios que pnrtiam para a costa de África ou para o continente europeu. Presentemente, o xaréo é muito apreciado também pela classe abastada variando o preço entre 800 e 1400 réis o kilo quando antigamente não excedia de 40 rs a litra.