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A RAINHA ALICE
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Traga-o aqui! Quero comê-lo!
É fácil pôr um prato de peixe na mesa.
Destampe a sopeira!
Oh, isto já não é nada fácil. Não posso!

Por quê? Porque a tampa está grudada.
Pergunta: o que é mais fácil fazer
— destampar a sopeira ou... pedir peixe assado?

— Pense um minuto, não mais do que um minuto, disse a Rainha Negra. Enquanto isso vamos beber à sua saúde. E erguendo o copo: À saúde da Rainha Alice!

Todos a acompanharam naquela saudação, cada qual bebendo a seu modo — um virando o copo em cima da cabeça e aparando com a língua o vinho que escorria, outro derramando o vinho na mesa e lambendo-o; três cangurus derramaram-no no carneiro assado e beberam-no misturado ao môlho.

— Você tem agora que retribuir a saudação com um lindo discurso, murmurou no ouvido de Alice a Rainha Negra.

— Nós a ajudaremos, acrescentou a Rainha Branca logo que a menina, um tanto amedrontada, se ergeu para falar.

— Obrigada. Falarei sem ajutório de ninguém, replicou Alice.

— Não faça cerimônia, aceite os meus serviços, insistiu a dama.

A menina ergueu-se para falar. Coisa difícil, pois as duas Rainhas a puxavam cada uma para o seu lado e depois a suspenderam no ar. — Ergo-me para retri-