Maria voltou da feira sem as compras do dia.
Perguntei-lhe a causa.
Achou palavras para me dizer. Os regatões recusam receber o dinheiro que passou por minhas mãos!
Meu Deus!... Dai-me força para sofrer com resignação! Preciso dela! Sinto a razão vacilar. Por vezes já mordi nos lábios a blasfêmia que ia escapar-me.
Têm nojo do meu dinheiro! Se o tivesse roubado, o aceitariam: mas toquei-o, e o rei, que o manda correr, não protege um lázaro.
Felizmente Maria teve fome.
O instinto serviu-lhe de inteligência. Engenhou meio de comprar o necessário. Deu ao andador da Irmandade do Sacramento uma moeda de esmola.
O troco, os regatões não duvidaram recebê-lo.