Personagens: DOUTOR PEREIRA e LUÍSA

LUÍSA (Sofreando a raiva.) — Esteve com a sua advogada?

DR. PEREIRA — Sim, senhora.

LUÍSA — Uma advogada é sempre preferível a um advogado.

DR. PEREIRA — As mulheres são mais inteligentes que os homens.

LUÍSA — Obrigada... pela parte que me toca!

DR. PEREIRA — Não há de quê!

LUÍSA — Sobretudo quando a advogada vem à casa do consti­tuinte toda coquete, de rosa ao peito.

DR. PEREIRA — Isto então é ouro sobre azul.

LUÍSA — E que sem o menor pudor ou respeito para com o decoro do seu sexo, aconselha ao cliente que mude de religião. (Pereira olha para ela admirado.) Ouvi tudo daquela porta. E só Deus sabe o esforço que fiz, a luta que travei comigo para não esbofetear essa mulher e pô-la fora desta casa que ainda é minha.

DR. PEREIRA — A senhora esquece-se de que na posição em que nos achamos...

LUÍSA — Ah! ela queria vê-lo livre e desembaraçado... Para isto bastavam duas coisas apenas, duas coisas insignificantes, na opinião daquela miserável, torcer a lei e renegar as crenças!

DR. PEREIRA — A minha resolução está tomada, minha senhora, não posso nem devo ouvi-la neste terreno. (Sai.)