ÉSQUILO (poeta grego) → TeatroDramaTragédia

Não é sábio quem sabe muitas coisas e sim quem sabe coisas úteis

Filho de fazendeiros de Elêusis, cidade da Ática, célebre pelo Santuário de Apolo, Ésquilo (524–456) lutou valorosamente em várias batalhas para defender sua pátria, ameaçada pelo imperialismo persa. Escreveu muitas peças, mas só restaram sete. Sua obra mais importante é a trilogia Oréstia, composta de três tragédias (Agamenão, As Coéforas e As Eumênides) que formam um ciclo sobre a tragédia familiar que se abateu sobre o rei de Micenas. O assunto da primeira peça trata do assassínio de Agamenão, quando de sua volta da guerra contra Tróia, perpetrado pela esposa Clitemnestra e pelo amante Egisto, o próprio irmão do soberano. A segunda peça, intitulada As Coéforas (portadoras de libações), o coro de mulheres que carregavam as oferendas na tumba de Agamenão, tem como assunto a vingança de Orestes e de Electra, filhos do rei de Micenas, que matam a mãe e seu amante, o tio Egisto. A tragédia As Eumênides (espíritos benfazejos) encerra o ciclo da tragédia familiar, representando a dor do remorso do matricida Orestes, perseguido pelas Erínias (as Fúrias), deusas da vingança e do ódio. Mas esta peça trágica tem um final feliz: o tribunal dos deuses acaba absolvendo Orestes de seu crime e as Erínias se tornam Eumênides, passando a proteger os habitantes de Atenas e da Ática. Resumimos os assuntos das outras quatro peças de Ésquilo. As Suplicantes: as cinqüenta filhas de Dânao (Danaides), rei da Líbia, foram obrigadas a fugir do Egito e a refugiarem-se em Argos, no Peloponeso. Os Persas: tragédia histórica, trata das conseqüências funestas da ambição (hybris) que leva os imperadores da Pérsia, Dario e Xerxes, a quererem ampliar seus domínios. Os Sete contra Tebas: representa a trágica luta fratricida entre Etéocles e Polinice, filhos de Édipo e Jocasta, pelo poder sobre Tebas. Prometeu acorrentado: é a encenação do mito de Prometeu que roubou dos deuses o fogo, considerado um tesouro precioso, e o doou aos homens; por esse crime de soberbia e rebeldia ele foi acorrentado a um rochedo. Os valores morais do teatro de Ésquilo estão fundamentados sobre um misticismo fatal: as ações humanas não são determinadas pela razão, mas pela força cega do destino, que pune o homem quando ele ultrapassa os limites estabelecidos. O pior é que a culpa individual se torna maldição hereditária, que se transmite de geração em geração! Há uma relevante semelhança entre o mito pagão de Édipo, que sofre pelo pecado do pai, e o mito bíblico de Adão, de quem a imensa comunidade judaico-cristã herda a culpa e a pena do pecado original!