CINISMO (escola filosófica: Antístenes e Diógenes)
Estamos mais preocupados em entender os sonhos do
que as coisas que vemos acordados (Diógenes)
Do grego kunós, que significa "cão", a doutrina cínica, fundada por Antístenes de Atenas (444–365) e retomada por Diógenes de Sínope (404?–323), apregoava a volta do homem à natureza. Ser "cínico" implicava em viver como um cachorro, o animal-símbolo da impudência. Na verdade, o cinismo nasceu como uma radical oposição aos valores culturais. Considerando que seria impossível adequar as convenções sociais e morais às exigências de uma vida segundo a natureza, os cínicos partiram para um anticonvencionalismo radical. Mais do que uma filosofia, o cinismo é uma forma de vida, surgida pela crise dos valores humanos. Face aos egoísmos individuais e de classes e à hipocrisia da sociedade, que produziam enormes desigualdades no seio de uma coletividade, os cínicos propunham o regresso à natureza, desprezando os bens materiais, buscando a felicidade no autodomínio dos desejos e das paixões, contentando-se com o mínimo necessário para a sobrevivência. Diz-se que Diógenes morava num tonel e renunciara a usar o copo, quando percebeu que podia tomar água na palma da mão. Ele disse a Alexandre, o Grande: "Quero apenas a luz do sol". Ao longo dos tempos, o termo "cínico" adquiriu sentidos pejorativos, passando a indicar insensibilidade, indiferença e descaramento.