CLARICE Lispector (ficcionista de introspecção psicológica)
Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas,
continuarei escrevendo
Clarice Lispector (1925–1977), ucraniana de nascimento, viajou por várias cidades da Europa e dos Estados Unidos, antes de fixar-se no Rio de Janeiro. Quer pela origem familiar, quer pelas viagens realizadas, quer pelas suas leituras, Clarice é a escritora brasileira que melhor possui a consciência da cultura ocidental. No rastro de Joyce, de Proust, de Virgínia Woolf, de Faulkner, ela tenta renovar a estrutura do gênero narrativo, construindo todo o enredo pelo monólogo interior das personagens. A peculiaridade de sua ficção é "o salto do psicológico para o metafísico", no dizer do crítico Alfredo Bosi. Em seus melhores romances e coletâneas de contos (Perto do coração selvagem, A maçã no escuro, Laços de família, A paixão segundo G. H.) nota-se a tentativa de superar a postura egolátrica em prol da comunhão do eu com os seres e os objetos que constituem a realidade circunstante. Mas essa temática se torna difícil de ser percebida devido ao recurso estilístico recorrente do fluxo da consciência.