DEMOGRAFIA (planejamento familiar, malthusianismo) → Cultura → Trabalho
Do grego demos (povo) + graphein (escrever), a demografia é a ciência que estuda a densidade populacional, pesquisando, com o auxílio da Estatística, as taxas de natalidade, de morte, de casamentos, etc., em várias regiões e países. Infelizmente, os governantes, de um modo geral, não aproveitam, na prática, os dados colhidos pelos cientistas, visando o melhoramento da sociedade humana. O economista e religioso inglês Thomas Robert Malthus (1766–1834) tornou-se famoso pela sua obra Ensaio sobre o princípio da população. Ele sustenta a tese de que, enquanto a produção de alimentos cresce em progressão aritmética, a população mundial tem a tendência de aumentar em progressão geométrica. Tal desproporção teria como conseqüência inevitável o aumento da pobreza no mundo. Quando essa realidade ultrapassar o limite de tolerância, a própria natureza cria organismos de defesa, provocando epidemias e guerras. A solução que o cientista sugere para este grave problema seria aconselhar as povoações pobres a se absterem sexualmente para diminuir a taxa de natalidade. Hoje em dia, vários pontos da tese malthusiana, publicada em 1798, estão superados pelo avanço tecnológico da agricultura e pelo progresso da ciência médica que levou à fabricação de vários tipos de anticonceptivos. Mas a alma do estudo realizado no fim do séc. XVIII ainda está viva. Ele estava certo: a miséria humana avançou muito mais do que a tecnologia e os países e as regiões mais pobres são os que mais geram filhos. Enquanto nações desenvolvidas, como a Alemanha e a Itália, por exemplo, têm um índice demográfico quase zero, países da África e da América Latina, que vivem numa extrema penúria, aumentam sua população de uma forma irresponsável. Que adianta fazer programas de ajuda social, tipo "fome zero" ou aumento de creches, se não se corta o mal pela raiz, conscientizando o povo de que ninguém pode pôr um filho no mundo se não tiver meios para lhe propiciar sustento e educação de bom nível? Como afirma a escritora Lya Luft, "deviam decretar que ninguém tenha mais filhos do que pode decentemente alimentar", propiciando-lhe casa, saúde, escola, carinho, alegria. Ninguém, em sã consciência, pode se arrogar o direito de ter filhos, se não puder garantir ao filho o direito de ter pais responsáveis. É preciso se entender que o nascimento de uma criança não é apenas um problema individual ou familiar, mas essencialmente social. Um menino abandonado pelos pais ou mal criado por uma avó, parente ou empregada, torna-se um problema para todo o mundo. Não assistida adequadamente, a criança é candidata a se tornar delinqüente, ladrão, assaltante, pois tem o direito de sobreviver. Se a culpa é individual, a pena é coletiva. Tudo, em fim, é uma questão de ignorância e pouco se faz para lutar contra este mal monstruoso, o único pecado realmente capital da humanidade, pois a falta de cultura está na raiz de todas as desgraças. A taxa de desemprego, por exemplo, é altíssima nas povoações mais pobres e com prole numerosa, pois sem qualificação para um tipo de trabalho é quase impossível encontrar um emprego decente para prover a subsistência sua e da família. Daí a verdade que colocamos em epígrafe: o direito dos filhos terem pais responsáveis é maior do que o direito de um homem ou de uma mulher ter um filho, pois o desejo de gente irresponsável acaba ferindo o "direito de terceiros": daquele que não pediu para vir ao mundo e da comunidade onde vive, que acaba sofrendo as conseqüências da marginalidade.