TRABALHO (direito e dever do cidadão) → Cultura

Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um único dia em sua vida
(Confúcio)

O termo "trabalho" tem por origem etimológica o substantivo latino tripalium, um instrumento de tortura, composto de três paus entrelaçados. O sema do "sofrimento" evoluiu para o significado do "esforço", que passou a predominar, mas sua relação com a dor está presente ainda hoje: falamos de "trabalho de parto", por exemplo. Trabalhar, em geral, significa esforçar-se para obter algo, para exercer uma profissão ou desempenhar uma tarefa, que pode ser material, intelectual ou artística. O trabalho é um dever e um direito do homem. Um dever porque cada qual, numa sociedade livre, tem que prover ao seu sustento, não sendo justo que uma pessoa adulta e sadia viva às custas do trabalho de outro. Esta é uma prescrição que se encontra nas Sagradas Escrituras de todas as religiões e nos costumes dos povos primitivos ou civilizados, pois fundamentada na lei natural do plantio e da colheita Um dos primeiros documentos literários da cultura grega é o poema didático Os trabalhos e os dias, de Hesíodo, em que se demonstra a relação profunda entre o Trabalho e a Justiça. Ninguém pode reclamar de direitos, se não cumprir seus deveres.

Mas, como o homem pode cumprir seu dever se lhe se nega o direito de trabalhar? Aí se coloca o gravíssimo problema do desemprego. Trata-se de um absurdo sociológico! A Assembléia Geral das Nações Unidas, em 1948, emitiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo artigo 23 reza: "Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha, a condições eqüitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego". Mas esta disposição, com exceção de algumas nações européias pequenas e altamente civilizadas, não vem sendo posta em prática. O índice médio de desemprego atinge 10 % das populações tecnologicamente desenvolvidas e 20 % nos países atrasados. Tem que se entender que o emprego não é um luxo, mas uma necessidade de responsabilidade do poder público. O desempregado não amparado pelo Estado é propenso ao furto, à violência, à prostituição, ao tráfego de drogas, ao crime, enfim. Como diz o ditado popular,

"o ócio é o pai de todos os vícios".

O homem, que não conseguir suprir suas necessidades de sobrevivência pelo trabalho, acaba apelando para meios ilícitos, tornando-se uma ameaça à ordem social. Já foi observado que jovens palestinos vão à guerra porque não têm oportunidade de ir ao trabalho. Para eles, a guerra é um meio de vida, como é o narcotráfico para muitos jovens que vivem em países pobres. Cabe à Família e ao Estado, como instituições sociais, a obrigação de educar as crianças, desde a escola materna, para a escolha de uma profissão digna, para que o homem, quando adulto, não dependa mais da esmola pública ou privada para uma sobrevivências digna. Essa é uma questão de cidadania e, sobretudo, de Cultura. Geralmente, o que provoca o desemprego é a falta de planejamento familiar → Demografia, os pobres colocando mais filhos no mundo do que tenham condições de educar. Além do mais, a melhor terapia, para qualquer tipo de distúrbio, é sempre a ocupacional. O filósofo grego Aristóteles, em consonância com o sábio chinês citado em epígrafe, dizia que "felicidade é ter o que fazer". Não é outra a opinião do poeta-cientista-artista do Renascimento italiano Leonardo da Vinci, quando tece a seguinte comparação: "o ferro enferruja quando não é usado; as águas estagnadas perdem sua pureza e congelam no frio. Do mesmo modo, a ociosidade esgota a força da mente". O maior mérito do povo americano é sua força de trabalho, herdada da ética luterana e calvinista. O crítico satírico estadunidense Ambrose Bierce (1842–1914?), autor de O Dicionário do Diabo, sabiamente afirma:

apenas no dicionário o "sucesso" está antes do "trabalho",
pois o caminho do êxito não tem elevador,
e nos obriga a subir árduos degraus de uma longa escada"!