LUCRÉCIO (poeta e filósofo romano) → Epicuro
Se os sentidos não são verdadeiros,
nossa razão é falsa
Poeta de tendência filosófica e científica, Titus Lucretius Carus (98?-55 a. C.), educado na escola epicurista da Campânia, região ao sul de Roma, assumiu a missão de divulgar a doutrina atomista dos filósofos Demócrito, Empédocles e, especialmente, do mestre Epicuro, que ensinava serem a ignorância e o medo os sustentáculos da religião. No seu imortal poema em seis livros, De rerum natura ("Sobre a natureza das coisas"), servindo-se da descoberta dos átomos, as partículas indivisíveis cujo choque causaria os acidentes, tenta explicar as causas científicas dos fenômenos naturais, desmistificando assim as superstições que atribuíam raios, terremotos e pestilências à ira dos deuses. Num dos trechos mais líricos do poema didático, descrevendo o sacrifício de Ifigênia, conduzida à morte pelo próprio pai Agamenão para atender à ordem da deusa Diana, Lucrécio exclama:
"Tantum religio potuit suadere malorum!"
(Até que ponto a religião pôde induzir um homem a cometer maldades!)
A obra de Lucrécio teve uma influência incalculável na cultura ocidental, pois, além de divulgar o epicurismo e o atomismo, é o primeiro trabalho de pesquisa que apresenta um modelo sério de investigação científica e de reflexão filosófica. O que dói é constatar que a humanidade, ate hoje, ainda não aprendeu as lições ensinadas por Epicuro e Lucrécio, continuando a matar em nome de Deus!