MOLIÈRE (dramaturgo francês) → Comédia
O dramaturgo francês Jean-Baptiste Poquelin, com o pseudônimo "Molière" (1622–1673), como o inglês Shakespeare, dedicou sua vida ao teatro, sendo autor, ator, diretor e empresário. Somente que cultivou o outro aspecto da arte dramática inventada pelos gregos, o cômico, nos moldes da comédia de costumes de Menandro, adaptado à realidade romana pelos comediógrafos latinos Plauto e Terêncio. Ele seguiu à risca o lema da comédia clássica: castigat ridendo mores: a intenção de corrigir os costumes pondo em ridículo os defeitos e os vícios humanos. Na primeira peça de sátira social, As preciosas ridículas, Molière ironiza as afetações e leviandades das damas da sociedade e dos artistas que povoavam os salões literários de Paris. Volta ao mesmo tema em A escola de mulheres, que escandalizara os moralistas da época, especialmente no trecho em que o personagem Arnulfo afirma que as mulheres eram virgens "apenas nas orelhas". Maior hostilidade encontrou ao publicar O tartufo, peça em que satiriza a hipocrisia dos devotos. Outra peça censurada foi Don Juan (→ Adônis), onde Molière questiona a fidelidade conjugal, entre outras convenções sociais. Com O misantropo, o grande comediógrafo francês introduz uma inovação no teatro ocidental: a figura do raisoneur, o personagem que tece comentários sobre as ações e o comportamento das outras personagens, exercendo quase o mesmo papel do "coro" da tragédia grega. Esta peça é considerada a obra-prima de Moliêre, pois é nela que a denúncia da falsa moralidade da sociedade francesa, que encobria ações hediondas sob o manto da rígida ética jansenista, é feita com a máxima verossimilhança e com um perfeito rigor técnico, tornando-se um marco da dramaturgia universal.