TERÊNCIO (comediógrafo latino)

Homo sum: nihil mihi alienum puto

Publius Terentius Afer (190?–159 a.C.), provavelmente de origem africana (seu cognome era Afro), tornou-se íntimo da nobre família dos Cipiões e viveu num ambiente muito refinado. Se lhe sobrou elegância, faltou-lhe a vis comica de Plauto, seu colega na arte de fazer rir. Suas seis comédias têm um conteúdo mais moral, como se depreende da sua obra-prima Adelphoe (Os dois irmãos), que trata do tema da educação dos jovens: um moço, criado pelo pai, recebe uma educação muito rígida, enquanto seu irmão está aos cuidados de um tio bem mais indulgente. Os acontecimentos amorosos que os dois jovens enfrentam vêm demonstrar que é preferível o segundo tipo de educação. Suas comédias, embora imitem o grego Menandro, encontram sua originalidade na análise psicológica e na reflexão sobre a moralidade. Molière, do Neoclassicismo francês, foi seu melhor discípulo. A expressão em epígrafe exprime a profundidade do conhecimento do ser humano a que chegou Terêncio: "Sou homem: não considero nada estranho a mim!". Ninguém deve estranhar o comportamento de outra pessoa, pois do ser humano pode se esperar qualquer coisa, atos de heroísmo como ações infames! Outra amostra de sua sabedoria é dada pela crítica à ganância Ele refletiu sobre o fato de que o desprezo pelo dinheiro, num certo momento, é o melhor processo para ganhá-lo com abundância. Sua sabedoria tornou-se popular:

O mais próximo de mim sou eu...
Quando não se pode o que se quer, deve se querer o que se pode...
Se duas pessoas fazem a mesma coisa, não é a mesma coisa...
Summa jus, summa injuria (a justiça extrema torna-se uma extrema injustiça)
Cada cabeça, uma sentença...
A sorte ajuda os corajosos.