MUSAS (figuras mitológicas da Grécia)
A versão mais comum do mito sobre o nascimento das musas é a seguinte: Júpiter amou Mnemósine, filha do Céu e da Terra e personificação da memória, durante nove noites e ao cabo de nove meses ela deu á luz nove filhas. Cada uma tinha a função de inspirar o culto de uma atividade artística:
1) Calíope, musa da poesia épica, invocada por todos os escritores de epopéias;
2) Clio, musa da história, pois inspirava os escritores de feitos heróicos;
3) Erato, musa da poesia lírica;
4) Euterpe, protetora da música;
5) Melpômene, musa do canto (mãe das sereias);
6) Polímnia, musa inspiradora dos hinos religiosos e da oratória;
7) Talia, musa da comédia, protetora dos coribantes;
8) Terpsícore, musa da poesia trágica;
9) Urânia, musa das ciências exatas, especialmente da astronomia.
As musas eram as personificações das faculdades artísticas. Segundo a concepção platônica, retomada pelos românticos, o artista nasce como tal, pois recebe dos deuses o "dom" da arte. A esta concepção do "poeta inspirado" opõe-se a concepção aristotélica, retomada pelos críticos neoclássicos e realistas, do "poeta artífice", o que constrói e estrutura sua obra mediante um longo trabalho de aprendizado dos modelos preexistentes, de técnicas específicas e do conhecimento da realidade que o circunda. O sentido primitivo da palavra "musa" está ligado a sememas referentes à lembrança, à meditação, à beleza, à ordem, ao espírito apolíneo, enfim. As musas eram as divindades que ajudavam os homens dotados de qualidades artísticas a refletir sobre as atividades humanas do passado, a dar-lhes um sentido e a transmitir sua lembrança para a posteridade. A estas deusas os antigos atribuíam o mérito da passagem do "caos" primitivo para o "cosmos", pela introdução no mundo humano do conceito de ordem e de beleza. A ordem dos movimentos aparece na dança e na música; a ordem das palavras está presente na poesia e no canto. Sem ordem não haveria ritmo, harmonia ou melodia.