JÚPITER: Zeus, em grego (autoritarismo: complexo e bullyng)
Zeus-Júpiter é a maior divindade do mundo greco-romano, considerado por Homero o pai dos deuses e dos homens. A "história" mítica de Júpiter é muito semelhante à de seu pai Saturno (Cronos), o que salienta o caráter repetitivo dos mitos: como Saturno, auxiliado pela mãe Terra, derrotou seu pai Céu (Urano), que escondia os filhos no seio da Terra, assim Júpiter, ajudado pela mãe Cibele, escapou de ser devorado pelo pai Saturno e, com o auxílio dos tios Ciclopes e Hecatônquiros e dos irmãos Netuno e Plutão, lutou por dez anos contra o pai e os outros Titãs (→ Mitologia). Conseguindo a vitória, partilhou o domínio do mundo com os dois irmãos: reservou para si o reino do céu e da terra, deixando para Netuno o domínio do mar e para Plutão o domínio do Inferno. Como Saturno desposou a irmã Cibele, assim Júpiter casou-se com a irmã Juno (Hera). Mas, além deste matrimônio "legítimo", foram atribuídas a Zeus várias relações extraconjugais com deusas, ninfas e mulheres mortais, sendo inumerável sua descendência. A comédia greco-romana apresenta Júpiter como o protótipo do conquistador incorrigível. Seus atributos principais foram a onipotência e a previdência. A iconografia o representa como homem maduro, majestoso, barbudo, que tem como emblema o raio (símbolo do domínio sobre as forças atmosféricas e de sua força vingativa), o cetro (símbolo do poder) e a águia (símbolo da longividência). Em Psicologia, o mito de Júpiter exprime o arquétipo do chefe da família patriarcal, denominando "complexo de Júpiter" à tendência do subconsciente ao autoritarismo, que pode se encontrar na figura do governante, do pai, do professor, de qualquer chefe, enfim. O abuso do poder pode criar uma neurose, que acaba esmagando os sonhos individuais. Na Política e na Sociologia, qualquer autoritarismo, de esquerda ou de direta, estabelece relações desumanas, estimulando apenas a competição, o lucro, a exploração. A feição recente do mito de Júpiter é o bullyng, um tipo de comportamento cruel e ameaçador, intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão, através de brincadeiras de mau gosto. A prepotência dos homens mais sarados está presente em quase todos os agrupamentos sociais (escolas, casernas, bairros, famílias desarticuladas), mas a vítima, cansada de apanhar, pode acabar se revoltando, reagindo de uma forma imprevista e violenta ao extremo, beirando a loucura. O "bullyng" é uma forma de intimidação muito usada entre os traficantes de drogas e os marginais, em geral. Comportamento semelhante ao bullyng americano é o dos pitboys cariocas. O termo se formou pela mistura de boy com a palavra pitbull, uma raça canina muito feroz. O rótulo caracteriza garotos musculosos e violentos que, especialmente depois de beber, assediam mocinhas em boates, tentando fazer o que elas não querem. Evidentemente, isso acontece não apenas no Rio de Janeiro e em barzinhos. Infelizmente, a lei do mais forte vigora em qualquer lugar onde, como na selva, não se é educado a respeitar o direito e a vontade do semelhante. O mito de Júpiter está muito mais presente na nossa sociedade do que possa aparecer ao nível superficial. Como disse Napoleão, "a maior parte daqueles que não querem ser oprimidos quer ser opressora".