PASCAL (pensador francês)
O coração tem razões que a própria razão desconhece...
Faz promessas e juras, depois esquece.
Blaise Pascal (1623–1662) é o cientista e filósofo francês mundialmente conhecido pelos seus "Pensamentos" (Pensées), coletânea de ensinamentos publicada pelos seus discípulos, em 1670. Seu nome está ligado ao "Jansenismo", um movimento religioso iniciado pelo bispo holandês Cornelius Otto Jansen (1585–1638), partidário do "agostinismo" integral. Santo Agostinho (354–430), africano de origem, após sua conversão ao Cristianismo (→ Cristo), se tornou Doutor da Igreja Romana, escrevendo obras imortais, tais como A Cidade de Deus e As Confissões, que influenciaram o pensamento filosófico e teológico da Baixa Idade Média (→ Medievalismo) e do Renascimento europeu. Um dos temas centrais, que lhe ocupou o espírito, foi o conflito entre a predestinação e o livre-arbítrio. Afinal, se o homem nasce com a inclinação para o mal e o pecado, qual é a sua culpa? A única coisa que pode salvar o indivíduo é a Graça, um ato gratuito de Deus. Essa doutrina da prevalência da iniciativa divina sobre a vontade humana encontrou um fervoroso adepto em Jansênio, cuja obra póstuma Augustinus (1640) fez escola, embora seu conteúdo, em parte, fosse condenado pela Igreja Católica. O Jansenismo francês veio chocar-se com o "Molinismo" espanhol, sistema elaborado pelo padre jesuíta Luís Molina (1535–1601), cuja obra, publicada em 1588, condensa no título seu conteúdo: "Acordo do livre-arbítrio com o dom da graça, com a presciência divina, a providência, a predestinação e a condenação". A controvérsia entre jansenistas e jesuítas persiste até hoje, sendo insolúvel, pois, como ato de fé, foge a qualquer explicação racional. Pascal, educado na escola jansenista de Port-Royal-des-Champes, ataca os casuístas da Companhia de Jesus pelas suas Lettres Provinciales, cartas escritas entre 1656 e 1657. Ele foi acusado de reacionário por Voltaire (→ Iluminismo), devido ao seu espírito anti-intelectualista. Conforme o conhecido adágio popular, posto em epígrafe, Pascal considera a emoção mais importante do que a razão: só que ela é inexplicável. Machado de Assis é um pouco pascalino ao afirmar que "o coração humano é a região do inesperado".