REVOLUÇÃO (comercial, industrial, francesa, comunista) → Movimento
Todas as revoluções passam
e só resta o lodo de uma nova burocracia ([[../Kafka}}|Kafka]])
"Mudem tudo, mas apenas o suficiente para manter tudo exatamente como está" (Lampedusa).
Do latim revolutionem (re + volver = "mexer de novo"), o conceito de revolução se aproxima ao de Movimento, no sentido de revolta, insurreição contra algo que não está dando certo ou com que não se concorda, implicando numa tentativa de mudança profunda de uma estrutura política, social, religiosa ou artística. Assim, falamos da Revolução Comercial, que começou com as Grandes Navegações e os Descobrimentos de novas terras, a partir do século XVI, que deslocou o eixo do comércio do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico. Essa revolução comercial provocou a Revolução Industrial, para atender ao aumento da demanda de mercadorias pelo intercâmbio intercontinental. O progresso da pequena indústria e do comércio provocou o surgimento de uma burguesia abastada, que derrubou o Absolutismo monárquico (Revolução Francesa, 1789), instituindo regimes constitucionais em vários Estados da Europa e na América do Norte. A exploração da mão de obra operária, que do campo fora atraída para a cidade, por parte de burgueses endinheirados (que conseguiram acumular capitais industriais e comerciais), causou a Revolução Comunista (→ Marx), na Rússia, em 1917, seguida pela Revolução Chinesa, com a proclamação da República Popular da China, em 1949. Mas, quase sempre, os movimentos reivindicatórios não conseguem os fins almejados, tendo como principais obstáculos a ignorância da massa e o egoísmo dos líderes vitoriosos. A ineficácia das revoluções encontra-se brilhantemente assinalada numa fala do Príncipe de Salina, o personagem-narrador do best-seller O Leopardo, romance de Giuseppe Tomasi di Lampedusa sobre a conquista da Sicília pelas tropas de Giuseppe Garibaldi: "Mudem tudo, mas apenas o suficiente para manter tudo exatamente como está". A sátira das revoluções encontra-se também na famosa obra, A Revolução dos Bichos, de George Orwell (1903–1950), que retoma o gênero fabulístico: animais oprimidos pelo dono da Granja do Solar derrubam o governo e implantam um novo sistema, comandado pelos próprios bichos. Mas o novo governo, na prática, é mais opressor do que primeiro. A verdade é que não adianta mudar os "chefões", se a grande massa do povo continua sem cultura. Como disse Franz Kafka, "todas as revoluções passam, e só resta o lodo de uma nova burocracia", ou, como observou Napoleão: "em toda revolução, há duas classes de pessoas, as que a fazem e as que se aproveitam dela". O escritor brasileiro Joaquim Nabuco não deixa por menos: "A fatalidade das revoluções é que sem os exaltados é impossível fazê-las e com eles é impossível governar".