UNGARETTI (poeta do modernismo italiano)
M’illumino
d’immenso
Talvez o poeta mais importante da lírica contemporânea italiana seja Giuseppe Ungaretti (1888–1970). Nascido em Alexandria do Egito, de pais italianos, sentiu muito as influências da cultura francesa, sendo discípulo do filósofo Bérgson (→ Intuicionismo) e grande admirador dos poetas ligados ao Simbolismo. Na Itália, foi funcionário do Ministério das Relações Exteriores e jornalista. Em 1936, veio ao Brasil, onde foi regente da Cadeira de Língua e Literatura Italiana da Universidade de São Paulo, até o ano de 1942, quando voltou a Roma para ocupar a cátedra de Literatura Contemporânea. A admiração pela cultura brasileira pode ser revelada pela sua apreciação da escultura mineira: "Os profetas do Aleijadinho não são barrocos, são bíblicos". Enfim, poeta do mundo, não somente da Itália, pois grande apreciador da poesia internacional e tradutor de Góngora, Mallarmé, Shakespeare, Racine, Blake, Mário de Andrade e de outros poetas brasileiros. Sua poética situa-se na confluência de dois filões: o autóctone do lirismo italiano, tendo Leopardi como seu poeta preferido, e o vanguardista francês, seguindo as pegadas de Mallarmé e Apollinaire. Manifesta é sua oposição à poesia declamatória de Gabriele D’Annunzio e de outros poetas decadentes do início do século. A poesia de Ungaretti é considerada "hermética", porque extremamente concisa: ele constrói seus poemas com um mínimo de palavras, ordenadas ao redor de uma palavra-chave, da qual tenta captar a essencialidade. Entre seus volumes de poesias, lembramos: O corpo sepultado, Alegria de náufragos, Sentimento do tempo, A dor, Um grito e paisagens, A terra prometida. Antológico é seu poema-relâmpago, intitulado Mattina ("Manhã"), composto apenas por um dístico: M’illumino // d’immenso ("Ilumino-me de imensidade").