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Revisão das 19h02min de 14 de outubro de 2020

Nunca desejou tanto que a armadilha lhe desse caça. A curiosidade de conhecer a nova forma de matar os animais, prometida ao primeiro que tivesse a sorte de se deixar apanhar, o teve por muito tempo na maior excitação e vigília.

Pela manhã correu José ao fojo, onde encontrou, em lugar de preá, um coelho.

Era uma lindeza o animal. Gordo, coberto de macio pêlo em que se divisavam ligeiras malhas tão alvas como o algodão que pendia dos capulhos estalados acima de sua masmorra, o filho do campo despertava, pela beleza das formas e pela harmonia dos contornos, todos os sentimentos benévolos de que é capaz o humano coração. Os olhos reluziam como dois coquinhos polidos, O coração batia-lhe precipite qual se quisesse sair-lhe pela boca. E essa criatura tão cândida e inofensiva ia morrer! Oh, meu Deus, por que extravagante e bárbara interpretação das leis naturais, há de o homem julgar-se com direito à vida de semelhantes entes que mais merecem a sua proteção do que desafiam a sua covardia?

Quando José, irresistivelmente cativo da formosura da inocente criaturinha, estava ainda admirando os seus encantos, um movimento violento arrancou-lha das mãos.