
Ao sahir do seu buraco achou-se um ratinho entre as patas do leão. Estacou, de pêlos em pé, paralysado pelo terror. O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.
— Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.
O pobre rato sumiu-se, radiante de alegria.
Dias depois cáe o leão numa rêde. Urra desesperadamente, debate-se, estorce-se, e quanto mais se agita mais preso no laço se sente.
Attrahido pelo rumor, surge o ratinho.
— Amor com amor se paga, diz lá comsigo; e põe-se a roer as cordas. Róe que róe, horas a fio, e tanto faz que consegue romper uma das malhas. E como a rêde era das taes, que, rompida a primeira malha as outras se afrouxam, poude o leão deslindar-se e fugir.
Mais vale paciencia pequenina, que arrancos de leão.

Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.

