XL
Á minha Deusa
Os meus versos te dou para que se algum dia
Meu nome conquistar justa celebridade,
Despertando a atenção da triste humanidade,
— Como um barco á mercê de forte ventania,
Tua memória, egual ás fábulas famosas,
Fatigue o meu leitor como um sêco martelo,
E por um fraternal e misterioso élo
Fique como que presa ás rimas sonorosas;
Amaldiçoado ser a quem (desde o profundo
Abismo até ao ceu) só eu amo no mundo!
— Ó tu, sombra fugaz, espectro radiante,
Que pisas os mortaes, serena e deslumbrante,
E a quem os imbecis ousam chamar cruel...
Ó bronzeo serafim com olhos de Lusbel!