LVI

Conversação


Tu és qual lindo ceu de outono, róseo e largo!
Mas a tristeza em mim lembra revolto oceano
Que aos meus lábios imprime, em seu fragor insano.
A acidez do limão, um paladar amargo.

Retira do meu peito, o deusa, a tua mão;
Eu sei, ó minha amiga, o que buscas e queres
Mas os dentes crueis, as garras das mulheres,
Levaram-me o melhor do pobre coração!

Meu peito é como um lar p’la turba profanado
Com scenas de embriaguez e lutas carniceiras!
— Ai que perfume exala o teu colo rosado!...

Ó Beleza, ó cruel flagelo, assim ó queres!
No teu ardente olhar, n’essas vivas fogueiras,
Calcina o que escapou das garras das mulheres!