João Felpudo/O Caçador e O Coelho

O CAÇADOR E O COELHO



Com tremendo espalhafato,
Vai caçar coelhos no mato
Brás, o velho caçador.

Mas, santo Deus! que calor!
E numa sombra se deita.
Ora, o coelhinho que o espreita,
Mal adormece o velhinho,
Vem tirar-lhe, de mansinho
As lunetas e a espingarda...

Brás acorda e se acovarda.
— “Seu Coelho, isso não tem graça!”
Mas, como um dia é da caça
E outro do caçador,
Ou seja lá como fôr,
Aqui vão êles — que dois!
É o carro adiante dos bois!

O velho, que vem depressa,
Chegando a casa, tropeça
E cai no poço. — “Ai que eu morro!”
E grita a velha: — “Socorro!”
Bum! O coelho a arma dispara
E a bala a caneca vara
Na mão da pobre mulher.
Vêm o café e a colher
Sôbre um coelhinho, coitado,
Que ficou... coelho ensopado!