- do Autor:
"Ha uma gota de Sangue em cada Poema" (1917)
"Paulicea Desvairada" (1922)
"A Escrava que não é Isaura" (1925)
"Losango Cáqui" (1925)
- por publicar:
"Primeiro Andar" (contos)
"Amar, Verbo intranzitivo" (romance)
- em preparação:
"Clan do Jaboli" (poemas)
"Gramatiquinha da Fala Brasileira"
Me resolvo a publicar este livro assim como foi composto em 1922. E' um diario de tres meses a que ajuntei uns poucos trechos de outras epocas que o completam e esclarecem. Sensações, ideas, alucinações, brincadeiras, liricamente anotadas. Raro tive a intenção de poema quando escrevi os versos sem titulo dêste livro.
Aliás o que mais me perturba nesta feição artistica a que me levar minhas opiniões esteticas é que fodo lirismo realizado conforme tal orientação se torna poesia-de-circunstancia. E se restringe por isso a uma existencia pessoal por demais. Lhe falta aquela caracteristica de universalidade que deve ser um dos principais aspetos da obra-de-arte. Vivo parafusando, repensando e hesito em chamar estas poesias de poesias. Prefiro antes apresenta-las como anotações liricas de momentos de vida e movimentos subconscientes aonde vai com gosto o meu sentimento possivelmente pau-brasil e romantico.
Hoje estou convencido que a Poesia não pode ficar nisso. Tem de ir alem. Pra que alens não sei não e a gente nunca deve querer passar adiante de si mesmo.
Porém peço que éste livro seja tomado como pergunta, não como solução que eu acredite siquer momentanea. A existencia admiravel que levo consagrei-a toda a procurar. Deus queira que não ache nunca... Porque seria então o descanço em vida, parar mais detestavel que a morte. Minhas obras todas na significação verdadeira delas eu as mostro nem mesmo come soluções possiveis e tranzitorias. São procuras. Consagram e perpetuam esta inquietação gostosa de procurar. Eis o que é, o que imagino será toda a minha obra: uma curiosidade em via de satisfação.
Rapazes, não confundam a calma destas linhas preparatorias com a melancolia comum. Não tem melancolia aqui. Sou feliz. Estou convencido que cumpro o destino que deviam ter meu corpo em sua transformação, minha alma em sua finalidade.
E passo bem, muito obrigado.
M. de A.
S. Paulo, 1924
Esta obra entrou em domínio público no contexto da Lei 5988/1973, Art. 42, que esteve vigente até junho de 1998.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.