— Mario de Andrade!
— Ah...
Me lembrava daquela cara olhos cabelos,
Daquelas mãos um dia cheias de amizades pra mim...
No entanto era um desconhecido.
— Faz tantos anos, Mario...
— Meia-duzia, foi em 916.
— Tive noticias de você... Pelos jornais. Tenho seguido.
— Ahn...
— Você mudou bastante.
— Estou mais forte.
— Os insultos foram por demais...
— Um pouco... Mas, você?
— Ora eu... Mas não acreditei, Mario de Andrade.
— E as manobras no Rio, se lembra!... Bom tempinho!
— Nosso tempo...
E quis me cercar daqueles braços caídos!...
Então, falando muito baixo pra mim mesmo,
Veriamos juntos si estou certo no que sou...
NO ENTANTO ERA UM DESCONHECIDO.
Convidou;
— Sigo pra Caçapava.
— Não pede transferencia? É requerer do gene-
ral. Eu fico aqui.
Me olhou rápido como envergonhadodeprocuraralguem.
Depois poisou o olhar nos horizontes curtos da ru-
a Conselheiro Crispiniano.
Depois deixou êle cair nas mãos encardidas pe-
la companhia das sombras burocraticas.
Depois me fitou. Fixamente.
— Não. Vou pra Caçapava. Adeus, Mario de Andrade.
— Passe bem.
Que alívio!
Detesto os mortos que voltam.
São tão mais nossas as imagens!
Esta obra entrou em domínio público no contexto da Lei 5988/1973, Art. 42, que esteve vigente até junho de 1998.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.