I
Já te esqueceste, pois, inteiramente,
De que em melhores épocas da vida,
Teu coração, querida,
Me palpitou no coração ardente?
Teu coração de leve mariposa
Esvoaçante e terrena,
Tão pequeno e tao falso que outra cousa
Não póde haver mais falsa e mais pequena?
E, de certo também já te esqueceste
Do pezar e do amor
Com que tu me prendeste
O coração num circulo de dor.
Pezar e amor! ambos me fazem doente;
Ambos me são do pranto
Incentivos fataes;
E não sei, entretanto,
Si aquelle póde ser maior do que este,
Pois sei apenas que ambos, igualmente,
Já são grandes de mais.