VI
Sonho africano

A João Ribeiro

Eil-o em sua choupana. A lampada, suspensa
Ao tecto, oscilla; a um canto, um velho e hervado fimbo.
Entrando, porta dentro, o sol forma-lhe um nimbo
Côr de cinabrio em torno á carapinha densa.

Estira-se no chão... Tanta fadiga e doença!
Espreguiça, boceja... O apagado cachimbo
Na bocca, nessa meia escuridão de limbo,
Molle, semi-cerrando os dubios olhos, pensa...

Pensa na longe patria... As florestas gigantes
Se estendem, sob o azul, onde, cheios de magua,
Vivem negros pituns e enormes elephantes...

Calma em tudo. Dardeja o sol raios tranquillos...
Desce um rio, a cantar... Coalham-se á tona d’agua,
Em compacto apertão, os velhos crocodillos...