VIII
Venus

A Victor Silva

Branca e herculea, de pé, num bloco de Carrara,
Que lhe serve de throno, a formosa esculptura,
Venus, tumido o collo, em severa postura,
Com seus olhos de pedra o mundo inteiro encara.

Um sopro, um quê de vida o genio lhe insuflára;
E impassivel, de pé, mostra em toda a brancura,
Desde as linhas da face ao talhe da cintura,
A magestade real de uma belleza rara.

Vendo-a nessa postura e nesse nobre entono
De Minerva marcial que pelo gladio arranca,
Julgo vel-a descer lentamente do throno.

É, na mesma attitude a que a insolencia a obriga,
Postar-se á minha frente, impassivel e branca,
Na regia perfeição da formosura antiga.