- Entre os dias 16 e 18 de Outubro de 2003, teve lugar em Vicenza, sob o alto patrocínio do Presidente da República Italiana, a Conferência Internacional intitulada "A grande fome e a morte da terra, na Ucrânia de 1932-33". É, na Europa, a primeira conferência histórica dedicada ao septuagésimo aniversário de um dos maiores genocídios do século vinte, cometido no âmbito da política de colectivização forçada das terras, ordenada e gerida por Estaline e pela liderança bolchevique.
- O patrocínio do Presidente da República é a melhor demonstração da importância histórica, cívica e humana deste enorme trauma causado por um regime sanguinário contra toda uma civilização: desde os camponeses, e respectivas famílias, que foram literalmente chacinados, aos intelectuais, deportados ou eliminados, e à Igreja, em violação de todos os princípios da dignidade humana e da ética religiosa e cívica.
- Em 1988, o Congresso dos Estados Unidos da América aprovou as conclusões da Comissão Especial do Congresso, dirigida pelos Profs. Robert Conquest e James Mace, que reconhecia a "Grande Fome" como um genocídio contra o povo ucraniano.
- Só após a queda do Muro de Berlim, é que se tornou possível integrar nos meios da investigação científica europeia a história desta imensa tragédia, desta abominação planeada com cínica determinação, e de forma intencional, pela cúpula dirigente, que pela primeira vez, utilizou a fome como um instrumento de repressão em massa, principalmente na Ucrânia, mas também no Cáucaso setentrional, na região do rio Volga e no Cazaquistão.
- Por conseguinte, o alto patrocínio concedido pelo Presidente da República à Conferência, não só constitui uma homenagem a milhões de vítimas, mas também a primeira manifestação nobre da consciência moral da democracia europeia, que é capaz de pôr fim ao silêncio do Passado.
- A Conferência foi organizada pelo Instituto de Investigação da História Social e Religiosa de Vicenza, em colaboração com o Instituto Luigi Sturzo (Roma), o Departamento de Estudos Eslavos e da Europa Centro-Oriental da Universidade de Roma "La Sapienza", a Embaixada da Ucrânia em Itália, a Embaixada da Ucrânia na Santa Sé, o Colégio Europeu da Universidade Polaca e Ucraniana (Lublin), a Academia Nacional Ucraniana das Ciências (Kiev) e a Universidade Nacional "Academia Mohyliana" (Kiev).
- Na Conferência participaram reconhecidos investigadores da Itália, da Ucrânia, da Polónia, da Federação Russa, da Alemanha, do Canadá e dos Estados Unidos da América, bem como o embaixador da Ucrânia em Itália, Boris Hudyma, e na qualidade de ilustres convidados, uma delegação polaca encabeçada pelo Vice-Reitor da Universidade de Lublin, o Professor Jan Pomorski.
- Efectiva catástrofe nacional, a "Grande Fome" provocou na Ucrânia sete a dez milhões de vítimas, entre deportados, fuzilados, desaparecidos e mortos de fome, com consequências indeléveis, nos planos demográfico, sócio-económico, político, cultural e espiritual.
- No entanto, este crime contra a Humanidade, que destruiu todo o universo camponês da "Terra Negra" ucraniana, foi durante décadas ocultado na ex-União Soviética e ignorado no Ocidente.
- A cuidadosa e metódica investigação de historiadores, politólogos e antrópologos permitiu revelar, em toda a sua crua e trágica evidência, factos históricos desconhecidos ou intencionalmente ocultados.
- O trabalho dos investigadores decorreu numa atmosfera de leal, franca e ampla cooperação, num diálogo construtivo, permitindo esclarecer o modo como vários mecanismos deste regime totalitário do século vinte puderam destruir os valores humanos mais fundamentais.
- Os investigadores que participaram na Conferência desejam unanimemente que o Senado da República e a Câmara dos Deputados apoiem a proposta de resolução do governo ucraniano, apresentada à O.N.U. e ao Parlamento Europeu, para o reconhecimento da "Grande Fome de 1932-33" como genocídio.
- Nesta fase histórica de reconstrução da sociedade civil na Ucrânia – pela qual, um dia, passará a fronteira da União Europeia – com base nas recentes cimeiras de Salónica e de Ialta, que confirmaram o alargamento, para Leste, das fronteiras da União Europeia, tal gesto de solidariedade por parte da Itália, pátria do Humanismo, em relação à Ucrânia, ponte histórica entre o Leste e o Ocidente europeu, representaria um contributo significativo para a segurança e a estabilidade de todo o continente.
- Prof. Gabriele DE ROSA, Presidente do Instituto Luigi Sturzo, Roma; Presidente do Instituto de Investigação da História Social e Religiosa, Vicenza
- Prof. Sante GRACIOTTI, Academia dos Linces. Professor convidado da Academia Nacional Ucraniana das Ciências, Kiev, Ucrânia
- Dr. Boris HUDYMA, Embaixador da Ucrânia em Itália
- Prof.ª Giovanna BROGI, Universidade de Milão. Professora convidada da Academia Nacional Ucraniana das Ciências, Kiev, Ucrânia
- Prof. V`jacheslav BRJUCHOVEC`KYJ, Presidente da Universidade Nacional “Academia Mohyliana”, Kiev, Ucrânia
- Prof. Jerzy KLOCZOWSKI, Director do Instituto da Europa Centro-Oriental, Lublin, Polónia; Presidente do Conselho Polaco na UNESCO
- Prof. Jan POMORSKI, Vice-Reitor da Universidade Marie Curie-Sklodowska de Lublin, Polónia
- Prof.ª Ewa RYBALT, Chanceler do Colégio Europeu da Universidade Polaca e Ucraniana, Lublin, Polónia
- Prof. Hubert LASZKIEWICZ, Vice-Reitor do Instituto da Europa Centro-Oriental, Lublin, Polónia
- Prof. Ettore CINNELLA, Universidade de Pisa
- Prof. Andrea GRAZIOSI, Universidade de Nápoles; Universidade de Harvard
- Prof. Francesco GUIDA, Terceira Universidade de Roma
- Prof. Mauro MARTINI, Universidade de Trento
- Dra. Simona MERLO, Universidade Católica de Milão
- Dr. Fernando ORLANDI, Presidente do Centro de Estudos da História da Europa Oriental, Trento
- Prof.ª Oxana PACHLOVSKA, Universidade “La Sapienza,” Roma
- Dra. Maria Pia PAGANI, Universidade de Pavia
- Prof. Giorgio PETRACCHI, Universidade de Udine
- Prof Fulvio SALIMBENI, Universidade de Udine
- Prof. Stanislav KULCHYTSKYJ, Academia Nacional Ucraniana das Ciências, Kiev, Ucrânia
- Prof. Yurii SHAPOVAL, Academia Nacional Ucraniana das Ciências, Kiev, Ucrânia
- Prof. Embaixador Yurii SHCHERBAK, Kiev, Ucrânia
- Prof. Andrzej STEPNIK, Universidade Marie Curie-Sklodowska de Lublin, Polónia
- Prof. Nikolay IVNITSKIY, Moscovo, Federação Russa
- Prof. Viktor KONDRASHIN, Universidade de Penza, Federação Russa
- Prof. Gerhard SIMON, Universidade de Colónia, Alemanha
- Prof. Orest SUBTELNY, Universidade de York, Toronto, Canadá
- Prof. James MACE, Universidade Nacional “Academia Mohyliana”, Kiev, Ucrânia
- Prof. Federigo ARGENTIERI, Universidade Giovanni Caboto, Roma
- Prof.ª Carla KOVOHL, Universidade Lumsa, Roma
- Dra. Francesca LOMASTRO, Instituto de Investigação da História Social e Religiosa, Vicenza