"Dom Paez",


JURY, hontem. Accusei um pobre mulato victima de todas as más heranças do sangue, irresponsabilissimo. Accusei-o, defendendo-o e consegui que o absolvessem.

Emquanto se desenrolava a estafante leitura do processo, e o mais, puxei do bolso e li á socapa (se o soubessem!...) o "Dom Paez", de Musset. O tempo, assim alliviado, correu em deslise macio, e todo me lavei da sordida impregnação do ritual judiciario no banho rythmico daquelles deliciosos versos.

...la main caresse
les seins étincelants d'une folle maî-

tresse.

Só me despedi desse ambiente de belleza para tomar do libello e remoer as tolices da praxe em estylo opposto ao de Musset — unico adequado aos doze paxvobis que iam julgar.

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A' noite, linda festa para os sentidos, ao lado de Lucy, num camarote, assistindo aos Dois Brazões, de Blumenthal, engraçadissima comedia. Lucy, deslumbrante. Vestida de azul tocado á perola sem collete, graciosos folhos de gaze que afofavam o collo da blusa.

Nos cabellos, negros e ondados, repartidos ao meio, tres geranios côr de telha nova, postos de lado. Sobre a gaze do peito, outros geranios irmãos daquelles. Na mão, um leque, que se não abriu porque esfriára o tempo. E na bocca irrequieta o commentario justo, fino, brincalhão.

Na vida tudo se compensa. Jury, Musset, Lucy...

Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.