Paizagem.
CHEGUEI á janella e vi um homem em mangas de camisa, pé no chão e pito na bocca, levando á cabeça uma bandejinha de flores. Doces? Firmei a vista. Não. "Anjinho", rumo ao cemiterio. Teria o tamanho d'uma boneca de palmo e meio e dormia sobre uma tampa de caixa, cercado de bogarys e saudades brancas.
Passou, desappareceu lá ao fim da rua.
Sol de rachar. Céu de azul que parece tinir. Mormaço.
Um negrinho em fraldas, espapaçado na poeira, bate varadas em misera abelha semi-morta.
Ninguem. Tudo deserto. Silencio.
Surge um vulto. E' a preta maluca que vive ao sol. Pára, coça o corpo magro, que os frangalhos mal escondem. A filhinha ao lado brinca com sabugos.
Homem houve que lhe fez aquella filha!...
Triste, o quadro? Modorrento apenas, e bem "cidades mortas"...
Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.