Ernesto Sena — "Notas de um repórter", pág. 186.

Paula Ney, o maior desperdiçador de talento que o Brasil já possuiu, não perdoava os seus desafetos e, ainda menos, as nulidades pretensiosas que prosperavam no seu tempo. Conservava-se, uma tarde, em um grupo na rua do Ouvidor, sobre o prestígio da imprensa, quando um presentes, que se dizia jornalista, aventurou, acaciano:

— A imprensa é um grande corpo...

— É... é... — atalhou Paula Ney, piscando por trás do "pince-nez". — A imprensa é um grande corpo. Mas você, nesse corpo...

E sem temer a reação:

— É o calo do dedo mínimo do pé esquerdo!...