Ernesto Sena — "Notas de um Repórter", pág. 164.

Estava o conselheiro Ferreira Viana uma tarde na Câmara dos Deputados, quando se aproximou do seu grupo um antigo político e homem de letras diversas vezes incluído na lista senatorial, e sempre atirado à margem. Talentoso, mas avarento, o recém-chegado vestia um paletó cheio de manchas à altura dos quadris, onde de vez em quando esfregava as mãos.

Com a sua jovialidade habitual, Ferreira Viana perguntou-lhe:

— Que é isto, Fulano?

— Não é nada... Não é nada... — respondeu o outro, com mau humor.

— Ah, já sei! já sei! riu o conselheiro, sem se desconcertar.

E ferino:

— São sinais dos varais da liteira da gente que tens conduzido para o Senado!