[Fl. 41-r.][P]om emxemplo este poeta e diz que hũa cabra leixou sseu filho em ssua casa, e çarrou a porta e mandou-lhe que sse nom partisse nem abrisse a porta a nhũa[1] persoa[2] ataa que ella viesse. E como lhe disse esto, foy-sse a cabra a paçer.
E hũu pouco estando, veo o[3] lobo e bateo aa porta, e começou de falar como sse fosse cabra, dizemdo que lhe abrisse a porta.
A cabrita disse:
— Saae-te d’aqui, falso ladrom, e nom te achegues aqui! [ca tu nom][4] es a mynha madre, mas falsamemte tu arremedas a uoz d’ella; e pella fendedura da porta vejo eu bem que tu es llobo.
E o lobo vemdo que o conhoçia, foy-sse sseu caminho.
Per este emxemplo este poeta nos amoesta que os filhos deuem de sseer obidiemtes aos mandamentos do padre e da madre; e /[Fl. 41-v.][5] diz que como os filhos som bem aventurados, obeedeçemdo ao padre e aa madre, assy pelo comtrayro[6] os que nom obedeçem a sseus mandados.