[Fl. 26-r.][P]om ho poeta este emxenplo e diz que hũa[1] molher puta, que auia nome Tayda, muy fremosa, com ssuas doçes palauras enganava muytos homẽes.
Esta puta sse namorou d’hũu homem mançebo, e husando com ell, lleuou d’ell hũa ssoma de dinheiros; e ell ssentio-sse d’ella emganado, e apartou-sse e nom curaua mays d’ella. Veendo Tayda que ell nom ussaua com ella como ssoya, mandou por ell e disse-lhe que o amava, e que lhe oferecia sseu corpo ssem nhũu[2] preço. Ho mãçebo lhe rrespomdeo que ell a amaua, mas que nom queria mays converssar com ella, porque ja hũa vez o enganára, e nom queria que o mays enganasse.
Per este emxemplo este poeta nos amostra que polas cousas passadas deuemos a entemder as que ham-de uyr, e diz ajmda que o homem nom deue comverssar com aquelas persoas que useyras ssom d’enganar aquelles que emganar podem, pero que aquell que engana[3] hũa uez ho homem, cobijça de o enganar outra.
Deuemos [tomar][4] emxemplo da aue que algũa vez come de hũu fruyto que ha nome taxo, que amarga muyto; e a aue, despois que o come hũa vez, nunca o come mays, /[Fl. 26-v.] porque o acha muyto amarguoso: e este fruyto sse póde comparar aa puta que pareçe doçe, e no partir amarga, ca ella nom ama o homem ssenom a todo sseu proueyto, e pera leuar d’ell quanto póde.