O Livro de Esopo/A terra que pare um rato

LIV. [A terra que pare um rato]

[Fl. 39-v.][P]om emxemplo[1] este poeta e diz que hũa vez a terra imchou e algũus vilãaos que hy estauam açerqua ouuerom gram temor e fugirom hy açerqua; e logo a pouca[2] d’ora a terra pario hũu rrato, e os vilãaos que esto bem viam ssegurarom-sse e ouuerom gram [prazer][3].




Per este emxemplo o poeta nos amostra que nom deuemos temer as ameaças porque ssom muytos homẽes que ham mays palauras que obras. Ajnda diz que hũa pequena ameaça faz a muytos homẽes auer gram medo. E diz hũu emxemplo: «Cam que muyto ladra, poucas vezes morde».

  1. No ms. exemplo, sem m ou til, por engano. A regra é com m ou til.
  2. Tambem se poderia lêr pouco, pois o ms. está aqui manchado; mas na fab. LIV lê-se claramente pouca d’ora.
  3. Aqui o ms. está delido, e a palavra não se distingue toda; mas quer pelo que resta d’ella, quer pelo sentido, quer porque em fabulas latinas medievaes que correspondem a esta occorre iocus e risus (L. Hervieux, Les fabulistes latins, II2, 328 e 411), não hesitei em pôr prazer.