XXXVII. [A vibora e a lima]

[Fl. 27-v.][P]om este poeta emxemplo e diz que hũa bibera entrou em casa de hũu fferreyro pera comer algũa cousa, e nom achou em ella ssenom hũa lima d’aceyro. Ha bibera começou-ha a rroer com os demtes, e nom lhe podia empeeçer; ha lima ffalou aa bibera e dizia:

— Tu, bibera, quamto rroes em mym, todo he nada; tu dapnas os teus demtes, e a mym nom enpeeçes. Eu ssom de tamto poder, que do fferro faço poo, assy como sse fosse farinha, e nom ha fferro no mundo assy forte que ho eu nom ffaça fazer poo e talhar per meo: pero eu te consselho que te nom tomes comiguo, porque quanto me tu mays rroes, eu mays escarneço de ty. Tu cuydas ffazer mall a mym, e fáze-llo a ty.




Per este emxemplo este poeta nos amostra e diz que o homem forte deue sseer misurado, e o homem débille e fraco nom deue contrastar com o poderoso, porque póde d’ello auer uergonça e dapno.