XXII. [O azemel, a mosca e a mula]
[Fl. 15-v.][P]om este poeta exemplo e diz que hũu azemell fazia correr hũa mua. E hũa mosca mordia esta mua e dizia-lhe:
— Corre ligeiramente, astrosa, ca eu ssom aquella que te punguo e faço nojo comtra tua võotade.
A mua lhe respondeo cortesamente:
— Tu falas altamente, como sse tu fosses muy poderosa! Ca eu nom temo ty, mays temo este azemell que me atormenta e faz em mym quanto mall quer.
Per este emxemplo o doutor nos amoesta e diz que o homem de vill comdiçom nom ha audaçia de falar comtra o poderoso. E esto proçede de vileza de coraçom, ca o coraçom uill he aquell que faz homem sseer pera pouco.