máquina e deixa o que está pra trás dela ir pro diabo!’ E então eu arranquei. Eu não tenho culpa, excelência, a culpa é do santo”.
Reinou o silêncio por um momento. Jorge ficou lá, inocente como um cordeiro. Então um convidado desatou a rir uma sonora gargalhada. “O santo é culpado! Muito boa! Muito boa!”, “Mas Jorge” falou o diretor, “nós deveríamos ir pro diabo?”
“Excelência, eu não disse isso, foi o santo!”
“Sim, meus senhores”, e o diretor se virou aos presentes. “Eu não sei como os senhores estão com o santo, em todo o caso ainda podemos ficar satisfeitos que ele nos permitiu sobreviver!” Falou e se dirigiu, rindo, para o seu vagão. Todos riram também e seguiram-no. Jorge olhou dissimulado para trás, riu com deboche e andou lentamente para sua máquina. Eu me lembrei vividamente do conto “Raposa de Reineke”.[1]

- ↑ Fábula de JW. Goethe escrita em 1794, onde são descritas em forma de paródia e alegorias as façanhas de uma raposa na corte de um rei (leão) refletindo uma sociedade medieval corrupta, com todas as suas fraquezas humanas e conflitos sociais. (NdT)